O ensaio sobre a vertigem
Seguir alguns recantos da blogosfera benfiquista, nas
primeiras semanas da silly season, torna-se facilmente num exercício de
auto-mutilação emocional.
Basta haver um jogador desconhecido - que tenha vindo dos
escalões secundários do planeta futebolístico - que faça uma revienga ou marque
um golo em que apenas precisou encostar a bola, ou faça um arranque em corrida…
basta isto e há logo uma turba a gritar “Avé ao novo Eusébio”. De outro lado
outra turba lamenta o aparecimento de um novo Yah Nick Chaló.
Basta haver um jogador que venha para lateral esquerdo –
apesar de ter chegado dois dias antes – que faça uma finta, faça uma ida à
linha com um cruzamento para dentro da área, seja comido em corrida (será por
ter dois treinos em cima?), seja apanhado uma vez demasiado encostado à linha
lateral… basta isto e logo se levantam as turbas nas sua dicotomia em direcção
ao abismo auto-proclamado: temos lateral de fazer inveja ao Roberto Carlos; ou temos
outro pior ainda que o Emerson.
Meio termos? Os únicos “meio termos” que esta gente parece
conhecer é a garrafinha térmica do café, quando esta se encontra cheio/vazio
até metade – isso sim, um meio termo.
O ano passado, aquando da venda de Witsel e Xavi Garcia,
havia malta a jogar a toalha para dentro do ringue… à 3ª jornada. Este ano já
vejo gente a ir pelo mesmo caminho: de um lado a euforia desmedida de quem vê
mais do que aquilo que aconteceu; do outro, uma paixão pelo abismo numa
vertigem derrotista que não lembra ao pior seguidor das leis de Murphy, alguém que
também viu mais do que aquilo que aconteceu.
E meios-termos só mesmo naquelas garrafinhas térmicas de
guardar o café no escritório. Bem sei, é um dos preços a pagar por haver tantos
e tantos benfiquistas.
Mas a sério, este ensaio sobre a vertigem deixa-me deprimido
com a net.
1 Comentários:
Sofro desse tipo de bipolaridade/benfiquismo, assumidamente...
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