O jogo começou com a toada que se esperava: com o Sporting a
esperar no seu meio campo e o Benfica a tentar pressionar logo à saída da
grande área verdinha.
Tudo parecia normal, tendo em conta as realidades dos dois
clubes, actualmente. Mas, passados 10 minutos as coisas começaram a
inverter-se.
O bolachas-belgas mostrou que não é parvo nenhum. Tendo em
conta o estado actual do clube de alvalade, montou uma equipa muito ao estilo
daquela que deu algum sucesso nas primeiras semanas da estadia do Sá Pintas,
tentando aproveitar ao máximo as características do plantel que tem.
Os adeptos mais acérrimos de futebol podem não gostar muito
e dizer que limitaram-se a jogar como uma equipa “pequena”, mas são as melhores
armas que têm, neste momento. E a lição
parecia bem estudada, com o tendão de Aquiles encarnado bem identificado e a
ser explorado ao máximo: bolas invariavelmente para as costas de Maxi, a explorar
a velocidade de Capel, com Wolfswinkle a cair mais em cima de Jardel para que o
central não tivesse tanta facilidade em fazer a dobra ao lateral uruguaio.
Uma bela encenação do espanhol quase dava o primeiro amarelo
ao Maxi, coisa que uma segunda encenação poucos minutos depois conseguiu com
mais sucesso.
Por estas alturas o Sporting consegue fazer entrar 2 ou 3
lances de contra-ataque e o Benfica retraiu-se, recuou e os verdes começaram a
mandar no jogo. E o golo não surpreendeu muito, pelos 15 minutos de supremacia
que os verdes evidenciaram.
Curiosamente, depois do golo, os verdes eclipsaram-se. O
Benfica voltou a subir no terreno (apenas mérito próprio? Erro estratégico
adversário? Vai-se lá saber) e antes do intervalo ainda mostrou que não ia
desistir facilmente, com 2 remates à entrada da área e um cabeceamento
ligeiramente ao lado, que deveriam ter despertado os verdes mas não o fez.
Por altura do intervalo já eu chamava todo o tipo de nomes
aos sérvios e jurava para nunca mais ver um jogo do Benfica num streaming
falado em sérvio, por muito boa que fosse a qualidade da transmissão.
Na segunda parte só deu praticamente Benfica. O Sporting
limitava-se a chutar a bola para a frente, na esperança que esta caísse perto
de Wolswinkle ou Capel, e o Benfica começou a pegar no jogo e a asfixiar o jogo
sportinguista.
Ainda assim, Elias aparece uma vez na cara de Artur, mas o
guarda-redes esteve impecável. Garay responde e a bola bate no poste e sai para fora. Enquanto o Benfica ia empurrando o adversário
para dentro da sua área e o meio campo verde desmoronava, Insua passa uma vez o
meio campo e remata de longe, fazendo a bola bater no poste. Parecia obra do
acaso, mas o certo é que das poucas vezes que passavam a linha do meio campo
conseguiam assustar.
Depois disto tudo o jogo quase que se resume a uma palavra:
Cardozo.
Não marca o primeiro por causa da acção de Rojo, que apesar
de aparecer um pouco atrasado, tenta fazer o que lhe compete: atrapalhar o
avançado que está isolado perto da pequena área. Mas ao argentino saiu a fava, porque
o paraguaio até tem caparro e o encontrão que levou foi insuficiente para o
atirar para longe da bola. Ao invés, acabaram os dois embrulhados e a bola a
ressaltar para dentro da baliza.
Empate conseguido e o descalabro sportinguista parecia
evidente. Principalmente porque o Benfica continuava em níveis muito elevados, os
extremos verdes tinham dado o berro (aqui o bolachas belgas falhou, ao não os
trocar mais cedo, quando era evidente para toda a gente o que se passava) e o
Sporting não conseguia manter a bola mais que 10 segundos.
A 10 minutos do fim, o golpe fatal: arrancada de Salvio que
entra na área, puxa para dentro e de pé esquerdo remata para golo. Bolo-de-arroz
faz de guarda-redes e o penalty e consequente expulsão não deixa dúvidas a ninguém
(nem aos adeptos do clube-de-dirigentes-assumidamente-corruptos).
Cardozo faz o 1-2 e a partir deste momento era de esperar
que a coisa não ficasse por aqui. Admito que nos primeiros instantes ainda me
passou pela cabeça a ideia de que “queres lá ver que estes gajos, mesmo com 10,
ainda nos vão lixar isto tudo?”. Mas durou pouco tempo.
Gaitan tinha entrado com uma vontade que não se lhe via há
alguns meses. Mas também é verdade que nesta altura já não ia ter trabalho na
vertente defensiva – aquilo que mais raiva me dá nele.
Livre lateral. Gaitan para Salvio, cruzamento e Cardozo a
cabecear para fora… digo, para a nuca de alguém e esta a entrar no canto da
baliza. Uma sorte descomunal, mas que conta para todos os efeitos.
Pouco mais há a salientar.
Poucos e mínimos erros de arbitragem, num jogo sem grandes
casos complicados. A entrada do Eric Dier sobre o Ola John, apesar de tocar na
bola, é uma falta grosseira que justificava um amarelo a dar para o alaranjado,
e nem falta foi assinalada. Mas foi talvez o erro mais visível, e sem grandes consequências
a nível de jogo jogado.
Fossem sempre assim.
Notas mais soltas:
- André Gomes fez mais um jogo muito interessante. Já digo
isto desde o primeiro jogo que o vi fazer nos juniores: este tem futuro e não
engana, se apostarem nele como deve de ser.
- Artur voltou a mostrar que é GR de equipa grande. Pouco
trabalho, mas quando é chamado ao serviço em jogadas muito complicadas, ele
está lá.
- da defesa do Benfica, o melhor foi Melgarejo. Os centrais
só acertaram as agulhas a partir do golo do Sporting, a partir daí estiveram
muito bem. Maxi continua a ter alguns problemas e os adversários já repararam.
- Matic um mour de trabalho, André Gomes em muito bom nível,
Ola John e Salvio a aparecerem na segunda parte em grande.
- Lima merecia um golo pelo que trabalhou. Cardozo é
Cardozo. Como dizem uns iluminados, “o gajo não vale nada, só sabe marcar
golos, é vender enquanto se pode”… pois, pois. A prova de que adeptos “inteligentes”
há em todo o lado.
- do Sporting só consigo destacar pela positiva dois
jogadores, que bem o merecem. Rinaudo e Insua. Principalmente o primeiro, que
encheu o meio campo enquanto lhe foi possível. Curiosamente, dois dos 4
jogadores que tinham jogado na sexta feira e que em nada se notou cansaço.
- pela negativa, como é que há jogadores que têm tantos dias
de “descanso” e dão o berro tão cedo? Talvez não seja má ideia meterem alguém de
olho no Carrillo, para ver se não anda a fazer treino invisível. Capel é normal
dar o berro por volta dos 60, 70 minutos, portanto nada de anormal aí. Pranjic
não me convence a medio centro e acho que Izmailov quando em condições físicas deixa
o seu companheiro a milhas de distância. Elias é um caso demasiado estranho. Há
quem diga que ele era bom…