5 de agosto de 2008

Manuel de instruções -
Um evangelho sobre (pouco ou nenhum) futebol
Capítulo (ou "parte pelo menos") I

Nota introdutória: se a F.P.F. pode pedir o estatuto de utilidade pública, porque não poderemos nós também? Vamos então dar inicio a uma rubrica que tem como objectivo ensinar o futebol de e com qualidade. Vamos focar-nos em pequenos gestos técnicos que no fim de contas fazem muita diferença, e que por norma passam despercebidos aos olhos desatentos, destreinados e/ou pouco instruídos dos adeptos, jogadores, treinadores e até dos apanha-bolas. Aqui fica então o primeiro capitulo de uma rubrica que talvez não tenha futuro.



TESOURA-VOADORA

Acção defensiva com um elevado grau de dificuldade, este gesto de fino recorte técnico, por si só, tem o condão de poder dar a volta por completo a um encontro de futebol (seja ele amigável ou oficial) se for executado na perfeição e levando em linha de conta uma série de aspectos importantes.
Esses aspectos são:

a) o jogador que a executa (vamos passar a usar o termo “assassino”) deve ser um jogador que pouca influencia tenha na equipa;

b) a acção deve ser executada sobre o jogador mais influente da equipa adversária (para facilitar a leitura vamos passar a usar o termo técnico “defunto”);

c) o assassino deve apresentar altos índices de disponibilidade física e, acima de tudo, acrobática;

d) a equipa adversaria já deverá ter esgotado todas a substituições ao seu dispor.


Explicando a acção propriamente dita de uma forma algo simplista, a Tesoura Voadora não é mais que uma entrada “à tesoura”, porém em vez de ter como alvo as pernas do defunto, esta deverá ser aplicada à altura do pescoço do defunto (como se pode verificar na imagem seguinte).

Num campeonato normal esta acção deve ser executada com a bola o mais perto possível do corpo do defunto (seja dos pés ou da cabeça, mas preferencialmente a segunda hipótese dá menos nas vistas, chovem menos objectos das bancadas e partem-se menos automóveis no parque de estacionamento).
No entanto, tendo em conta a especificidade de um campeonato como o português, tal acção poderá ser efectuada com o esférico a uma distancia que chega a atingir os 5 metros. Deste modo, existe uma probabilidade a rondar os 58,3% de resultar apenas na amostragem de um cartão amarelo ao assassino (este valor não contempla eventuais sacos azuis ou favorecimentos por parte da equipa de arbitragem, que nesse caso dispara para os 99,785% de probabilidade de cartão amarelo).
Nos campeonatos que acima denominámos de “normais”, será mostrado um cartão vermelho directo e consequente expulsão (o que se torna incómodo), daí se entende a existência da alínea d) já referida, por forma a manter a igualdade numérica em campo.
Sem o defunto em campo (se a acção for coroada de sucesso) e sem o assassino, a balança do jogo terá sido inclinada de forma decisiva para o lado da equipa do assassino.



Haverá gestos técnicos que não obrigarão à expulsão de um assassino, outros que levam à expulsão do possível defunto (vide caso Zidane vs. Matterazzi), uns com taxa de sucesso maior outros de difícil execução tendo em conta o resultado pretendido.
Mas esses talvez fiquem para uma ocasião futura… ou não.

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3 Comentários:

Blogger Costureirinha Maravilha disse...

Esta tesoura voadora poderia perfeitamente denominar-se Pitons na Boca... :D

6/8/08 2:10 da manhã  
Blogger Unknown disse...

Fritaste de vez... :) Estou como a bordadeira fantástica, poderia muito bem, ser a explicação do que é realmente levar com os pitons na boca. Um dia destes ainda hás-de descrever uma entrada á virilha... :)

6/8/08 3:19 da tarde  
Blogger pitons na boca disse...

Mas a montagem está assim tão boa que ninguém repara que são 3 fotos diferentes??
Começo a achar que devia começar a ganhar uns cobres a fazer capas para o Record...

Ah, e esta é a Tesoura Voadora (notem as maiúsculas, devido ao tom bíblico)... a manobra "pitons na boca" teria de ser forçosamente de frente para o defunto, não acham?

7/8/08 12:15 da manhã  

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